segunda-feira, 4 de abril de 2016

Sim, eu podia.

Após tanto tempo, voltou a acontecer. A vontade de percorrer esta distância entre mim e o meu coração. Voltei atrás a ideais que eu julgava estarem selados no meu interior.
Acho que o teu calor derreteu o meu cubo de gelo, esta minha pedra paleolítica que se localiza no meio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda, que ocupa no tórax, a região conhecida como mediastino médio e que, supostamente, funciona como uma bomba, recebendo o sangue das veias e impulsionando-o para as artérias.
Vês como sou objetiva e racional? Como vejo a ciência e o preto no branco? Entende então como foi, para mim, chocante quando passei, não só a ligar o coração, orgão vital do nosso organismo, ao "amor", mas também a achar que tinha um.
Sempre acreditei no amor, por muito irónico que seja, apenas nunca o imaginei para mim. Acreditava que ele existia e que existem almas gémeas e que aquilo que senti quando te vi, acontece poucas vezes no Universo. E agora tive um pedaço disso na mão, por pouco tempo, tempo o suficiente para me desconcertar, desalinhar e questionar, mas não o suficiente para fechar a mão, para te segurar.
Tive o suficiente para acreditar que tudo pode mudar no momento, antes de tu me pedires para eu acreditar que há destino. E agora?
Agora pedes-me o impossível, pedes-me para ficar enquanto te vais embora e para esperar enquanto me dizes que não voltas.
Sei que existem entraves, mas nunca qualquer entrave seria o suficiente para travar o amor, e eu sei que não era amor, porque não me deste tempo de te o oferecer. Tinha-o guardado, embrulhado, com um laço gigante à espera da hora certa. Mas tudo ficou incerto, sem hora, sem momento. Sem um "até já".
Pediste-me para me ficar pelo simples, normal e educado "Olá", pela espera indecisa e pela ânsia platônica do "quem sabe", do "se" e da "compreensão".
E eu larguei tudo, estava disposta a largar ainda mais, mover montanhas e nadar oceanos para te fazer ver que o que andas à procura esteve aqui o tempo todo. Podia sofrer nessa batalha ganha pelo desejo, podia ceder, podia esquecer-me de mim e aceitar-me em segundo plano. Podia ter esperança que tudo mudasse.
Eu podia fazer tudo o que sugeriste, que nada foi, pois nada será. Nem tu próprio sabes o que queres sugerir.
Sim, eu podia.
Mas não quero.

Procura-me quando te encontrares.
Com amor,

Ritawilliams

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