terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bilhete de entidade

Há cerca de um ano atrás impus uma questão à minha mãe: Inconscientemente sempre me interroguei por que motivo a minha casa tem tantos espelhos! Espelhos nas portas, espelhos nos quartos e uma das casas-de-banho possui uma parede de espelho. É estranho. Nunca tinha parado para pensar correctamente nisso porque na verdade estava numa altura um tanto mais complicada da minha vida. Parece que as minhas revoltas interiores tomaram conta da minha mente. Eu mudei. E tinha tanto medo de deixar de ser eu, que me esqueci que isso nunca ia acontecer apenas porque estava mais alta ou mais gorda. Eu ainda tratava todos da mesma forma, uma vez cruzando-me com os outros na rua. Mas eu deixei de ser tratada da mesma forma. Comecei por pensar que o problema era eu mesma, tinha feito os meus amigos afastarem-se e tinha de mudar. Chorei. Mais tarde, repensei no assunto e acreditei que os outros tinham mudado em relação a mim e eu continuava a ser o problema, mas desta vez julguei que a origem do problema estivesse no presa no facto de eu ter mudado e não o contrário. A revolta aumentou porque fiquei confusa ao aperceber-me que já não sabia quem eu era. Olhar-me ao espelho fazia-me perceber que me estava a tornar numa seguidora cega. Uma seguidora da multidão. Estava a fugir aos meus próprios princípios, quando eu própria defendi que gostava de ser diferente e a realidade era para quem não gostava de sonhar. Comecei a sofrer desilusões porque vi todos os meus grandes amigos começarem a mudar e a deixar-me para trás. Eu não queria seguir o esteriótipo, não queria ter de fazer coisas que não achava certas só para me identificar, preferia acabar sozinha a ter de acabar como mais um ponto transparente na sociedade. Foi então que me apercebi: Se eu seguisse a multidão podia perder-me nela. E eu sempre soube quem era. Acabei por entender que o fundo da questão estava em acreditar em mim mesma e nunca desistir de quem eu era e ter sempre orgulho nisso. Talvez para os outros fizesse sentido mudar e achar que ser maduro é agir como se fossemos uns idiotas. Eu acho que ficar mais alto, mais responsável, encarar melhor o futuro e definir objectivos, isso sim faz parte da vida, chama-se crescer. Eu quero crescer, mas não quero mudar.
Cheguei a contar a resposta da minha mãe à pergunta? «A casa tem muitos espelhos para que possas olhar para ti muitas vezes e nunca te esqueceres quem realmente és.»
Mas eu acho que vocês chegaram lá.

Love, ritawilliams

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